sábado, 6 de agosto de 2011

Macaquitos no sotão


A primeira vez que ouvi a expressão “macaquitos no sótão” fiquei bastante intrigada. Não me lembro de quem a pronunciou. Um rosto de mulher com uma expressão indecifrável me vem à mente. Seu nome e as circunstâncias se foram.
Eu, por minha vez, imaginei logo vários macaquinhos em tremendo alvoroço, revirando malas abarrotadas de cartas antigas, baús cheios de fotos amareladas, visitando recantos escuros e empoeirados. Pensei em cadernos de primeiras letras, desbotados pelo tempo com as garatujas infantis, jogados ao chão, folhas amassadas e arrancadas.
Veio-me à memória a fotografia da minha primeira professora: Dona Abigail – magra, circunspecta e com uma régua em riste. Que destroços esses macaquitos não fariam ao vê-la assim? Sempre se fingindo de brava. Anos se passaram, aquela menina impressionável se foi, mas a dona Abigail continua lá, no sótão, sempre tão séria e fechada que tenho a impressão que vai montar em sua vassoura e levantar voo. E agora é que vai mesmo: com toda essa bagunça!
Mas, pensando bem... Não tem desordem que resista a uma verruga na ponta do nariz!

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